Muito Além do Som
Com “M”, Fritz Lang tranquilizou Sergei Eiseinstein e Charles Chaplin, contrários ao uso de áudio no cinema.
Lang vai além do som apenas como pano de fundo e utiliza a linguagem sonora com maestria, conduzindo à narrativa fílmica. Assim como introduz o som como recurso narrativo dotado de significado, também o faz com o silêncio. Silêncio que “fala” na obra.
O diretor inaugura os roteiros envolvendo “serial killer”, escrito por inspiração de uma notícia lida num jornal. O cenário é a Alemanha em crise e devastada pela Primeira Guerra Mundial, o que propicia o surgimento de uma estética expressionista, moldada nas temáticas sobrenaturais, cenários obscuros e retorcidos, maquiagem forte e atuações com alta carga emotiva.
O serial-killer de M, interpretado por Peter Lorre, é pacato, ingênuo e medroso, mas não menos perigoso. Dominado pela emoção de matar crianças, culminando em um julgamento de final tenso com um excêntrico monólogo.
Em uma trama elaborada que, por meio da montagem, nos mostra ambiguidades entre policiais e criminosos, questionando conceitos de justiça e moral. Todos envolvidos pela fumaça que permeia ambos os lados, dando mostras do Fritz Lang que, com o êxodo para os Estados Unidos, irá se consolidar no cinema noir.
Sávio Oliveira - Clube de Cinema Super8